Sistema Imunológico
O sistema imunológico é constituído por uma intrincada rede
de órgãos, células e moléculas, e tem por finalidade manter a homeostase do
organismo, combatendo as agressões em geral.
A imunidade inata atua em conjunto
com a imunidade adaptativa e caracteriza-se pela rápida resposta à agressão,
independentemente de estímulo prévio, sendo a primeira linha de defesa do
organismo. Seus mecanismos compreendem barreiras físicas, químicas e
biológicas, componentes celulares e moléculas solúveis. A primeira defesa do
organismo frente a um dano tecidual envolve diversas etapas intimamente
integradas e constituídas pelos diferentes componentes desse sistema. A
presente revisão tem como objetivo resgatar os fundamentos dessa resposta, que
apresenta elevada complexidade e é constituída por diversos componentes
articulados que convergem para a elaboração da resposta imune adaptativa.
Destacamos algumas etapas: reconhecimento molecular dos agentes agressores;
ativação de vias bioquímicas intracelulares que resultam em modificações
vasculares e teciduais; produção de uma miríade de mediadores com efeitos
locais e sistêmicos no âmbito da ativação e proliferação celulares, síntese de
novos produtos envolvidos na quimioatração e migração de células especializadas
na destruição e remoção do agente agressor, e finalmente a recuperação tecidual
com o restabelecimento funcional do tecido ou órgão.
A imunidade inata representa uma resposta rápida e
estereotipada a um número grande, mas limitado, de estímulos. É representada
por barreiras físicas, químicas e biológicas, células especializadas e
moléculas solúveis, presentes em todos os indivíduos, independentemente de
contato prévio com imunógenos ou agentes agressores, e não se altera
qualitativa ou quantitativamente após o contato.
As principais células efetoras da imunidade inata são:
macrófagos, neutrófilos, células dendríticas e células Natural Killer – NK .
Moléculas tais como lipopolissacarídeos, resíduos de manose
e ácidos teicoicos, comumente encontradas na superfície de microorganismos,
constituem Padrões Moleculares Associados a Patógenos (PAMPs) e ativam a
resposta imune inata, por interação com diferentes receptores conhecidos como
Receptores de Reconhecimento de Padrões (RRP), dentre os quais a família dos
receptores Toll-like (TLRs)
A fagocitose tem início pela ligação dos receptores de
superfície do fagócito ao patógeno, o qual, então, é internalizado em vesículas
denominadas fagossomos. No interior do fagócito, o fagossomo funde-se a
lisossomos, cujo conteúdo é liberado com a digestão e a eliminação do patógeno
As principais características da resposta adquirida são:
especificidade e diversidade de reconhecimento, memória, especialização de
resposta, autolimitação e tolerância a componentes do próprio organismo. Embora
as principais células envolvidas na resposta imune adquirida sejam os
linfócitos, as células apresentadoras de antígenos (APCs) desempenham papel
fundamental em sua ativação, apresentando antígenos associados a moléculas do
complexo de histocompatibilidade principal (MHC, major histocompatibility
complex) para os linfócitos T (LT
CÉLULAS DENDRíTICAS
As células dendríticas, especializadas na captura e
apresentação de antígenos para os linfócitos, são consideradas uma ponte entre
a imunidade inata e a adaptativa, por serem atraídas e ativadas por elementos
da resposta inata e viabilizarem a sensibilização de LT da resposta imune adaptativa.
Residem em tecidos periféricos, como pele, fígado e intestino, onde capturam
antígenos e se tornam ativadas, migrando para os linfonodos regionais, nos
quais processam e apresentam antígenos proteicos ou lipídicos aos LTs.
NEUTRÓFILOS
Os neutrófilos são os leucócitos mais abundantes no sangue
periférico, com importante papel nas fases precoces das reações inflamatórias e
sensíveis a agentes quimiotáxicos como produtos de clivagem de frações do
complemento (C3a e C5a) e substâncias liberadas por mastócitos e basófilos.
Estão entre as primeiras células a migrarem dos vasos para os tecidos atraídos
por quimiocinas, como a IL-8, e são ativados por diversos estímulos, como
produtos bacterianos, proteínas do complemento (C5a), imunocomplexos (IC), quimiocinas
e citocinas.
MACRÓFAGOS
Os monócitos constituem 3% a 8 % dos leucócitos circulantes
e, no tecido conjuntivo ou parênquima de órgãos, dão origem a macrófagos e
células dendríticas mieloides. Ao contrário dos neutrófilos, os macrófagos
podem permanecer no tecido por meses a anos, atuando como verdadeiras
sentinelas. Além de seu papel na imunidade inata, processam e apresentam
antígenos via moléculas de MHC, estimulando, assim, a resposta mediada por LT
Recentemente, propôs-se a existência de três subpopulações
de macrófagos: macrófagos ativados, de reparo tecidual e reguladores. Os
primeiros seriam os macrófagos clássicos, com atividade microbicida e
tumoricida, que secretam grandes quantidades de citocinas e mediadores
pro-inflamatórios, apresentam antígenos aos LTs e estão envolvidos com a
resposta imune celular. O segundo tipo, ativado por IL-4, estaria basicamente
envolvido no reparo tecidual, estimulando fibroblastos e promovendo deposição
de matriz extracelular. O terceiro tipo exerceria atividade reguladora mediante
liberação de IL-10, uma citocina antiinflamatória.13
Natural Killer
Células Natural Killer (NK) têm origem na medula óssea, a
partir de um progenitor comum aos LTs, constituindo de 5% a 20% das células
mononucleares do sangue. São uma importante linha de defesa inespecífica,
reconhecendo e lisando células infectadas por vírus, bactérias e protozoários,
bem como células tumorais. Ademais, recrutam neutrófilos e macrófagos, ativam
DCs eA expansão e a ativação das NKs são estimuladas pela IL15, produzida por
macrófagos, e pela IL-12, indutor potente da produção de IFN-γ e ação
citolítica. Uma vez ativadas, as NKs lisam células infectadas e tumorais e
secretam citocinas pro-inflamatórias (IL-1, IL-2 e principalmente IFN-γ).14 A
citólise mediada pelas NKs ocorre pela ação das enzimas perforinas, que criam
poros na membrana das células-alvo, e granzimas, que penetram nas células,
desencadeando morte celular por apoptose. As células NKs apresentam receptores
de ativação e de inibição, e o balanço entre os sinais gerados por eles
determina sua ativação. Uma classe de receptores pertence à superfamília das
imunoglobulinas (KIR), enquanto a outra pertence à família das lectinas tipo-C.
No homem, há 14 receptores KIR, oito inibidores e seis ativadores. Os
receptores de inibição reconhecem moléculas MHC de classe I próprias, expressas
na superfície de todas as células nucleadas.
De modo geral, há dominância dos
receptores de inibição, impedindo a lise das células normais do hospedeiro, que
expressam moléculas de MHC de classe I. Células infectadas, especialmente por
vírus, e células tumorais frequentemente apresentam baixa expressão das
proteínas de MHC classe I, tornando-se vulneráveis à ação das NK15 (Figura 4).
A capacidade tumoricida das NKs é aumentada por citocinas como interferons e
interleucinas (IL-2 e IL-12). Outra ação efetora das NKs é a destruição de
células revestidas por anticorpos IgG, via receptores Fc (FcγRIII ou CD16),
pelo mecanismo de citotoxicidade celular dependente de anticorpos (ADCC).14
linfócitos T e B
MASTÓCITOS
Os mastócitos são células derivadas de progenitores
hematopoiéticos CD34+ na medula óssea e, em geral, não são encontrados na
circulação. Da medula óssea, os progenitores
migram para os tecidos periféricos como células imaturas e
se diferenciam in situ de acordo com as características particulares do
microambiente. Os mastócitos maduros distribuem-se estrategicamente junto
a vasos sanguíneos, nervos e sob o epitélio da pele e mucosas, são
particularmente abundantes em áreas de contato com o meio ambiente e
desempenham papel primordial nas reações inflamatórias agudas.18 Os mastócitos
apresentam na superfície receptores de alta afinidade, FcεRI, ligados a
moléculas de IgE, e são ativados pelo reconhecimento de antígenos multivalentes
pelas IgEs. Estímulos como produtos da ativação do complemento, substâncias
básicas, inclusive alguns venenos de animais, certos neuropeptídeos e diversos
agentes físicos
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